sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Ela, Spike Jonze.


Lembrando: eu acho.
Então eu acho. Que existem coisas, eventos, que nos transformam pra sempre. Você demora muito para formar um pensamento lógico o suficiente para que isto se torne um verdadeiro sentimento a respeito da sua transformação.
Também existem os eventos que nos transformam imediatamente e por pouco tempo. Você sai de um filme reparando na peculiaridade do formato de uma construção, enxergando a evolução do homem numa passarela, olha pro chão de um ônibus e pensa que aqueles pequenos pontos brilhantes pouco diferem-se das estrelas e de nossa percepção delas. É como se por um determinado tempo, sua visão se transformasse numa câmera de cinema e a sua atenção se tornasse inteiramente influenciada pelo foco cinematográfico da sua visão transformada, do cinema à minha casa, olhei para frente exatamente o necessário, neste meu pequeno filme particular, o foco da câmera no chão e no movimento dos diferentes padrões deste chão demonstram o momento introspectivo do personagem principal.
Ela faz isso. Claro que a sensível (as vezes irritantemente­) atuação do Joaquin Phoenix e da Scarlett nos deixa a vontade para receber a mensagem em forma de sentimento deste filme, mas a (minha) verdade é que Ela é uma linda e perturbadora história de ficção científica, das menos prováveis, e que consegue injetar uma saudável inquietude a respeito do poder do ser humano no universo com as realidades plausíveis de uma boa ficção científica.

Colocando o Monstros na ideia, é impressionante a capacidade do Spike Jonze de contar uma história através da visão do seu personagem, naquele a criança transforma todo o enredo com suas aleatórias e lindas reações infantis, com o Ela o excesso de auto crítica, esperança com a beleza do mundo e também o excesso de fofura são o caminho percorrido pela história, como se pelo tempo do filme, de alguma maneira, a câmera de cinema se tornasse os olhos do personagem de ficção.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

100, 150 metros de vida


MONSTERS

Real.

Monsters é incrível.
Há um prazer extra em assistir um filme sem que se tenha qualquer informação a respeito da história, do diretor, ator, enfim. Com Monsters, o aleatório esteve presente para mim: Eu, bêbado, entrei na internet e baixei dois filmes. Barry Munday que é, assim, uma comédia bem aleatória e estranha. E Monsters.
A ficção científica de Gareth Edwards é real por dentro, não na teoria dos monstros alienígenas (que tem algo de Distrito 9), mas no que move o filme, na vida dentro do filme. Scoot McNairy e Whitney Able são os principais de alguns muito interessantes personagens e são verdadeiros, impressionantes no papel de não atuar, mais realidade do que atuação, o que não é fácil.
É a segunda vez que eu me prendo com a palavra realidade, da primeira vez, com O Profeta, a palavra tinha um sentido de documento, de jornalismo. Agora ela está mais para identificação, o real em Monsters é bonito e íntimo como em Eu, Você e Todos Nós, e pra mim isso é bastante. O filme mostra a beleza do cumprimento da expectativa menos ambiciosa. Tente criar uma expectativa nada ambiciosa em cada cena.
A excelente trilha sonora de Jon Hopkins coloca os pés do filme no chão.

Bonito, interessante, real e ainda monstros alienígenas de 100 metros de altura.

Ei, não downloade (virou verbo já) veja no cinema!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Black Swan


Uma observação antes de começar o post: Quando eu penso em escever sobre um filme, geralmente, meu ponto de partida é minha imediata impressão, meu pensamento quando saio do cinema. Enfim, a observação é a de que, no caso de Black Swan, esse pensamento está relacionado com uma ignorante e distante idéia minha de que o balé tem essa característica de ser perfeccionistamente belo, delicado e, ao mesmo tempo, incrívelmente forte, com muita pressão.
Então, do começo. Natalie Portman. Impressionantemente certa. Eu poderia muito bem descrevê-la com as mesmas palavras da minha idéia do balé. O filme nos prepara para a loucura com a exaltação da graça e charme desta atriz. Beleza ingênua imensamente mais profunda do que isso.
Além dela, Mila Kunis e Vincent Cassel estão muito bem. Ambos exaltando o forte. O elenco é muito bom de um modo geral e isso ajuda. Mas a direção de Darren Aronofsky convence.
A beleza no filme é, obviamente, muito bem tratada na dança e na música. Mas a pressão é brilhante na forma da loucura à la Clube da Luta e Irreversível.
O que eu quero dizer é que Black Swan é sobre balé e tenta (e consegue) usar as características dessa arte para dar peso ao filme. Ele tem este (inevitável acho) tom de ópera, meio dramalhão mas na medida certa.
Belo, delicado e forte e -puta merda- Natalie Portman.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O PROFETA


Realidade profética. "O Profeta", de Jacques Audiard, caminha da entrada à saída da cadeia a passos sólidos e uma profecia se cumpre fisicamente: o homem se torna cela, cada bloco da prisão lhe pertence.
Na idéia e na imagem o filme é duro, pesado. (claro, como uma prisão). É difícil não mencionar uma palavra, Realidade: o sistema carcerário francês é exposto na tela sem filtros, com alguma coisa de filmes brasileiros.
Tahar Rahim é o profeta e é bom, real.
Uma informação vaga,
há na história do filme alguma referência à vida de Maomé. Mas minha ignorância não permite comentários mais específicos.

Um filme muito bom.

(postado ao som de fe)

sábado, 5 de junho de 2010

Irmão do filho da noiva (turum...)



O bueno "O Segredo de Seus Olhos", com a já antiga parceria de Juan José Campanella com Ricardo Darín (O Filho da Noiva, entre outros) é um filme que leva a sério o seu tema mas que por muito não fica apenas nisso, eu explico: É um "policial", há um crime, um mistério, um herói. Mas há também o amor e como ele, mais do que o crime que mudou completamente a vida de todos os personagens, mudou a vida de todos os personagens.
Fora alguns momentos um pouco novelescos (com maquiagem e atuações melhores) o filme é muito bem trabalhado. A história se passa em Buenos Aires e a língua foi um detalhe que me chamou atenção, há algo de especial nos diálogos e/ou atuação que tornam o espanhol especialmente belo.
Talvez em algum momento a trama fique um pouco mais em evidência do que o filme em si, mas não a ponto de torna-lo pior do que bom. Nos momentos de sensibilidade amorosa, humorística e (porque não) policial - criminal- a película é rica.
Tente entender: Boa estrangeirice Oscariana.

Claro, assista no cinema (mas corra).

(ao som de Bonnie "prince" Billy e Matt Sweeney - Superwolf)

terça-feira, 27 de abril de 2010

The Boondock Saints



"And shepherds we shall be, for thee, my lord, for thee.."
Quem assitiu ao filme santos justiceiros, de 1999, tem a exata noção do quão arrepiante é todo o leque de cenas nas quais essa reza se faz presente... Santos Justiceiros, provavelmente o filme mais mal divulgado de todos os tempos, pois eu como fã não tenho medo de afirmar, mesmo em uma década que teve matrix, velocidade máxima... É o filme de ação mais surpreendente da década de 90. Ponto final.
Dito isso, fim de semana tivemos uma sessão santos justiceiros 2 na alcapote, um entretenimento muito bom pro fim de semana, engraçado, grandes cenas de ação.... porém perde muito da leveza que é responsável pelas surpresas do primeiro filme, se por um lado no primeiro filme os planos dão absolutamente errado pq os nossos heróis realmente não sabem o que estão fazendo já no segundo os planos acabam entrando um pouco para o universo do absurdo como forma de inserir uma dose de humor no filme, mas a verdade seja dita: o filme consegue ser engraçado. Porém, se por um lado a atuação de Willem Dafoe no primeiro filme é impagável, a atuação de Julie Benz no mesmo papel na sequência é pífia.
No mais, apesar da história dos filmes serem independentes entre si, existe uma série de referências do primeiro filme na continuação, então recomendo assisti-los em sequência, e garanto: Se você é um verdadeiro fã de ação, será uma experiência espetacular, já se não for, entrará pro clube.

domingo, 25 de abril de 2010

Microtensidade


O que é de se esperar em um filme que se passa no mundo pós-apocalíptico? Cenas grandiosas, distantes, exagero, esse tipo de coisa, não?
Em "A Estrada", do diretor John Hillcoat o que chama atenção é o contrário, o apocalipse está nos "closes". No perto. Na expressão do homem e do seu filho. Nos pequenos diálogos despretensiosos. Mesmo nas cenas mais distantes o que se vê são os pequenos detalhes. O filme é lindo na constante câmera realmente próxima da ação. Tenso no pequeno.
Mais uma atuação vigorosa do equilibrado Viggo Mortensen. Sabe quando você assisti um filme ou lê um livro e dá vontade de falar, mandar um e-mail... Não sei. Simplesmente pra falar obrigado ao autor, ator, diretor ou músico? Comigo com ele é assim.
A trilha sonora de Nick Cave e Warren Ellis, (Assassinato de Jesse James...) é exata. Profundamente eficiente e paciente.
Um filme que aposta em perigos como tema (no geral vai) quase clichê, na narração com piano ao fundo (sabe?), extrema dependência de uma ator criança. Mas que destroça estes perigos com ótimos atores e trilha e fotografia e ritmo e clima e filme.
John Hillcoat está anotado.

Mais do que outros, assista no cinema! E veja as gigantes expressões na tela.

(post ao som de Nick Cave & the Bad Seeds)